domingo, 8 de setembro de 2019

Em defesa do futebol feminino!


Atuando na contramão do cenário nacional e mundial de fortalecimento e valorização do futebol feminino, o Esporte Clube Vitória anunciou que o nosso time da categoria não disputará o próximo campeonato baiano, desistindo assim de buscar o bicampeonato.

Não é surpresa nem novidade que a atual gestão do Vitória é machista, não tem priorizado o futebol feminino e desde o início tem atacado o nosso time com declarações e políticas de desvalorização. Em uma das suas falas, o atual presidente chegou a dizer que vai “encontrar uma solução para o futebol feminino porque é obrigado por lei”, deixando claro que não existe projeto para a categoria.

Apesar disso, o time feminino do Vitória teve o melhor desempenho de um clube nordestino no Campeonato Brasileiro A1 (a elite da categoria), conseguindo a nona colocação e garantindo assim a sua manutenção na primeira divisão do futebol brasileiro em 2020. O sub-18, apesar de ter saído na segunda fase, conseguiu se manter na série A2.

A postura da direção do Vitória reflete mais uma vez o descaso com o futebol feminino. Além de não participar do campeonato do baiano, dispensou e desprofissionalizou as atletas. Com o discurso de falta de recurso, desmonta um cenário promissor do clube, além de relegar às mulheres um espaço que não nos cabe. Vale lembrar que manter o time feminino inteiro é mais barato que alguns dos salários do time masculino.

O que a diretoria e a torcida do Vitória precisam entender: o futebol feminino tem crescido no país e no mundo e gerado uma receita positiva para os clubes, tanto financeiramente quanto de crescimento e empolgação da torcida e valorização das mulheres no esporte.

Faz 40 anos que o futebol feminino deixou de ser proibido por lei e clubes brasileiros de grande expressão (a exemplo do Internacional, Ceará, Grêmio, Santos etc.) têm investido cada vez mais na modalidade. O artigo 23 do estatuto da CBF determina que clubes e federações tomem medidas contra a discriminação e a desigualdade de gênero, sendo obrigados a manter times de futebol feminino. Sete clubes da Série A do Brasileirão masculino já possuem departamentos de futebol feminino, seis clubes têm projetos em estruturação e dois iniciaram o planejamento.

Houve a ampliação do Brasileirão feminino por determinação da FIFA, da CBF e das equipes com investimento na categoria nos campeonatos nacionais, ampliando o alcance e visibilidade dos clubes que disputaram a Série A1. Outro avanço importante do futebol feminino é a garantia de transmissão ao vivo na TV aberta de todos os jogos da seleção nacional da categoria.

A presença da modalidade em clubes de expressão no país é um marco para o desenvolvimento do futebol feminino. Por isso repudiamos veementemente a postura da atual diretoria, que de maneira machista tenta desmontar todo o trabalho histórico dedicado ao fortalecimento do futebol feminino e da profissionalização dessas atletas.

Brigada Dandara

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