terça-feira, 23 de abril de 2019

LOBO em pele de CARNEIRO

As eleições no Vitória estão marcadas por entrevistas e discursos acalorados, fakenews, ofensas pessoais e institucionais, além de muitas promessas vãs e quase nenhum debate de ideias.

Pouco se fala sobre as propostas das chapas, especialmente daquelas que pleiteiam o Conselho Diretor (presidência do clube). É uma síntese da política nacional: o velho se traveste de novo, aparece como salvação, única opção, e cria inimigos fictícios para inflar o apoio dos seus seguidores no famoso “toma lá, dá cá”.

É preocupante a falta de propostas para fortalecer a nossa tão recente democracia. Da mesma forma, são assustadores os ataques que a democracia rubro-negra vem sofrendo dos seus famosos oligarcas, os quais se juntaram em torno de um projeto (qual mesmo?) para vencer essas eleições.

Estes senhores se acham donos do Vitória e se incomodam com a perda de poder que a abertura democrática do clube lhes proporciona. O poder na mão do povo, na mão da torcida e dos sócios do clube, é uma afronta pra quem já se acostumou a querer domar, controlar e enjaular nosso Leão.

O ex presidente Paulo Carneiro, e atual candidato de umas das chapas, é o maior representante desta oligarquia. Destratou inúmeras vezes o torcedor, o rebaixou, e ainda perseguia quem fazia oposição, tanto na torcida como na imprensa. Caso ganhe a eleição, alguém duvida que repetirá seu modo de gerir o clube baseado no “manda quem pode, obedece quem tem juízo” e “quem não quiser, que procure outro canto”? Aquela conhecida política do Barradão como quintal de casa, não é mesmo?

Entendemos que as duas últimas gestões foram desastrosas. A torcida está descrente com o clube, preocupada com o futuro e desesperada para superar essa situação. Esse é o nosso atual sentimento, mas não podemos deixar que isso possa levar muitos a uma escolha contrária aos próprios princípios.

Temos convicção que a torcida do Vitória não quer uma pessoa que parece ter torcido para o fracasso do clube para assumir o poder, que já foi acusada de racismo, que anda com o autoritarismo debaixo do braço, foi dirigente do rival, que é acusado de falsificar documentos e enriquecer indevidamente às custas do clube, que se vangloria de comprar árbitros e oferecer malas de dinheiro à jogadores, que minimiza a importância do futebol feminino e da mulher no esporte, dentre outras coisas.

Demonstramos nossa preocupação especialmente com o possível regresso da desastrosa aventura do Vitória S/A, que nos levou à Série C, com a venda de inúmeros jogadores para atender aos interesses de "investidores", com dívidas que ainda hoje pagamos, e que deixou o clube na mão de um grupo denunciado posteriormente por envolvimento em fraudes no mercado financeiro.

Esse modelo, inclusive, só agravou o endividamento dos clubes de países como Chile, Espanha, Portugal e Itália, sem apresentar crescimento real dos clubes locais no patamar internacional. Não dá pra confiar que dará certo no Vitória. Por qual motivo nenhum outro grande clube do Brasil entrou nesta onda? Será que seus dirigentes são “burros” ou “atrasados”?

Vale lembrar ainda que desde que foi expulso do Vitória, Paulo Carneiro não realizou nenhum trabalho de grande destaque. No Atlético Paranaense em 2016, por exemplo, teve sua saída festejada pela torcida. Por que acreditar que, no Vitória, não repetirá seus últimos fracassos?

O Vitória é maior do que qualquer crise e muito maior do qualquer dirigente! O Vitória é de seus torcedores e torcedoras! O Vitória é de seus leões e suas leoas, não dos carneirinhos!

Brigada Marighella