quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

Um chamado contra a privatização da Fonte Nova


A Fonte Nova é a história do futebol baiano. Mais do que isso: a Fonte Nova é a história do esporte na Bahia. Naquele pedaço de chão, naquele m2 de terra, o esporte baiano se consolidou e apareceu para o mundo em diversas modalidades.

A Fonte Nova também é o grande palco da maior rivalidade do Nordeste. Foi ali que Vitória e Bahia entenderam o significado exato da palavra “rivais” e ambos construíram momentos significativas das suas respectivas histórias.

Quando o vice-presidente do Bahia diz que a "o Bahia é a Bahia" ele despreza que a maior parte dos baianos não torce para o seu clube, mas todos pagam pela manutenção daquele equipamento. Isso faz da Fonte Nova propriedade de todos os baianos, sejam eles rubro-negros, tricolores ou sequer gostem de futebol.

Apesar disso, o Governo do Estado, desde a gestão de Jaques Wagner, privilegia claramente o Esporte Clube Bahia, desprezando princípios do Direito Público como o da impessoalidade (que diz que o Estado não deve ser um ente privado, ou agir para privilegiar algo ou alguém em detrimento da coletividade) ou o da eficiência (que se refere a forma mais eficiente de usar o dinheiro público). Jaques Wagner reformou às pressas o Estádio Metropolitano de Pituaçu para atender o Bahia, mesmo sabendo que havia um projeto bilionário para a reconstrução da velha Fonte. Milhões foram gastos e hoje Pituaçu é um elefante branco, abandonado e deteriorado.

Desde que os entes públicos intervieram politicamente no Bahia, as relações entre Governo do Estado, Prefeitura Municipal e o próprio clube estão cada vez mais estreitas e pouco éticas. Entre justificativas irrazoáveis e tergiversações, tanto o Bahia quanto o Governo do Estado fogem do centro do debate, alegando que a Arena precisa do Bahia para funcionar. Mentira descabida! O governo do estado paga quase 170 milhões por ano para o consórcio que construiu e mantem o equipamento.

O que ocorre na prática é que desde a eleição de Bellintani, notável político com bom trânsito entre o Governo do Estado e a Prefeitura, entre o PT e o DEM – pois surgiu enquanto figura pública quando era secretário municipal de ACM Neto e hoje é um dos possíveis candidatos a prefeito de Salvador abençoado por Rui Costa – as benesses em favor do Bahia se acumulam.

O contrato da Arena Fonte Nova firmado entre o consórcio OAS/Odebrecht e o Governo do Estado prevê claramente que o equipamento não pode ser descaracterizado em função de entidade A ou B, o que incluía a proibição de alterar a identidade visual do estádio. Mesmo diante dessas restrições, hoje aos olhos de qualquer desavisado aquele é um estádio privado que, por fim, acaba de ganhar uma loja e ganhará em breve um museu, todos destinados a um único clube de futebol.

Nós da Brigada Marighella, do Vitória Popular e muitos outros torcedores do Vitória espalhados pelo estado nos levantamos contra a tentativa de fusão entre o aparelho de Estado (seus equipamentos e seus espaços de poder) e o Esporte Clube Bahia, transformando autoritariamente o segundo em representante de toda uma coletividade e apagando assim a tantas outras histórias.

Reginaldo Hollyfield, Acelino Popó, Rodrigo Minotauro, Miraildes Formiga, Ricardo Alex Santos, Isaquias Queiroz, Robson Conceição, Mônica Veloso, A.A. da Bahia, EC Ypiranga, Galícia Esporte Clube, Associação Desportiva Leonico, além dos clubes do interior do estado e tantas outras entidades e personalidades esportivas, incluindo a diretoria do Esporte Clube Vitória, devem se juntar a nós nessa luta em defesa do maior patrimônio esportivo baiano.

NÃO À PRIVATIZAÇÃO DA FONTE NOVA!

Brigada Marighella e Vitória Popular