sexta-feira, 31 de maio de 2019

Apesar de você, o Vitória é um time popular!



Infelizmente, já não nos causa espanto as declarações do atual presidente do Esporte Clube Vitória, o Sr. Paulo Carneiro. Pouco mais de um mês após eleito, já podemos afirmar que a sua gestão terá um caráter elitista, autoritário, excludente e, além de tudo, será também amadora.

Atuando na contramão dos demais clubes do país, em especial dos grandes nordestinos – que buscam abrir suas portas para todos os torcedores, abraçando as camadas populares e a diversidade, fazendo dos estádios um lugar de festa e de encontro – Paulo Carneiro majora o preço dos ingressos, destrói os canais de comunicação do clube, promove festa exclusiva para a falida aristocracia soteropolitana e, agora, se recusa a vender as camisas oficiais do Vitória por um preço popular.

No lançamento do novo uniforme, momento que sempre foi de confraternização, o presidente aproveitou para atacar os torcedores que defendem um Vitória popular e democrático, e disparou: “não existe essa história de preço popular. Precisamos de dinheiro. Quem sempre foi time popular não é o Vitória, vocês sabem muito bem que é”. Lamentamos profundamente esta declaração, pois é mentirosa e não representa o pensamento de toda nossa torcida.

Não sabemos com base em qual pesquisa o atual presidente do Vitória afirma essas barbaridades. Todas as suas decisões parecem ser tomadas com base em preconceitos ou conceitos ultrapassados. As únicas pesquisas às quais temos acesso afirmam exatamente o oposto: os aproximadamente 3 milhões de torcedores do Vitória são das camadas populares de Salvador e do estado, formando uma torcida majoritariamente feminina, jovem e periférica. A força popular do Vitória, que se expressa nas arquibancadas, vem da estreita relação construída entre o clube e as comunidades do entorno do Barradão. É essa a cara (e a renda) da torcida rubro-negra, quer ele e o grupo dele gostem ou não.


Nossa maior preocupação, entretanto, não é se a camisa custará $220 ou $100 reais, mas com o conjunto da obra. As medidas e declarações de Paulo Carneiro afastarão os torcedores ainda mais do Barradão, atrairão menos recursos para os cofres do clube e deixarão uma mancha na nossa história, exatamente quando deveríamos estar fazendo o oposto.

Agora é o momento de recuperar o clube e a autoestima da torcida após desastrosas gestões, mas isso não pode ser feito através de áudios de Whatsapp ou de chantagens, mas com planejamento, profissionalismo, respeito e democracia. Só assim voltaremos a fazer do Barradão um caldeirão capaz de empurrar times limitados rumo às conquistas.

Brigada Marighella