terça-feira, 28 de julho de 2020

ESSE NÃO É NOSSO VITÓRIA!


O Vitória presidido por Paulo Carneiro expressa a falência de um modo ultrapassado de enxergar o futebol, marcado por práticas que se mostram fracassadas desde o início do século. O resultado desse revival é um time fraco em campo, uma gestão sem projeto e um clube sem identificação com a torcida. Em suma, a atual gestão conseguiu o inimaginável: piorar o que já era ruim.

Para ilustrar, o aproveitamento do Vitória na Copa do Nordeste de 2020 foi de meros 51,85%, enquanto no Campeonato Baiano do mesmo ano foi de 48,1%. Desde que a atual gestão tomou posse, estamos com o quinto técnico a comandar o time (desconsiderando o técnico do time de transição) e foram contratados mais de 40 jogadores. Esses números são muitos próximos dos alcançados pela gestão passada e muito inferiores aos que nos acostumamos a ver e que, por si só, explicam a situação penosa em que nos encontramos.

Essa é a terceira temporada consecutiva em que o Vitória ficará sem levantar a taça do Estadual, fato que não se repete desde os anos 1980. É também o segundo ano seguido que sequer conseguimos nos classificar para a fase decisiva, sendo deixados para trás por equipes do interior do Estado com muito menos recursos e estrutura. E, desde que a Copa do Nordeste voltou para ficar, nós migramos da situação de superfavoritos para a de meros coadjuvantes. Na segunda divisão, lutamos contra o rebaixamento. Esse não é nosso Vitória!

Porém, o afastamento cada dia maior da torcida não se deve apenas aos resultados em campo. Os constantes ataques aos torcedores, as ameaças à democracia duramente conquistada, a falta de transparência nas decisões tomadas e nos contratos firmados, a misoginia em relação ao futebol feminino e às torcedoras, o desprezo às manifestações populares (a exemplo da guerra contra as torcidas organizadas e a festa nos arredores do Barradão) e o personalismo/amadorismo na comunicação do clube tornam as derrotas em campo e as constantes eliminações ainda mais sofridas.

Paulo Carneiro (e os poucos que ainda o rodeiam) segue sendo um retrocesso em termos administrativos, sociais e esportivos — o que não deveria nos surpreender, pois nos deixou na Terceira Divisão na sua última passagem. Entretanto, estamos entrando na terceira década do século XXI; o mundo é outro e o futebol de hoje é muito maior e mais complexo do que era há 20 anos. Quem não entende e não quer entender isso nunca deveria ter recebido os votos de confiança de boa parte da torcida.

É duro admitir, mas o Vitória hoje transita entre a chacota e o mau exemplo. Já não temos mais ao que nos apegar, pois, sem um bom desempenho nos gramados, sendo maltratados pela própria diretoria e vendo a democracia ser destruída a cada dia, só nos resta tomar nosso clube de volta e em definitivo — por isso, é hora de a torcida se impor e fazer uma verdadeira revolução, tirando do Barradão os aristocratas do século passado para colocar no lugar uma gestão moderna e democrática, que nos deixe em sintonia com o tempo presente e que nos reconcilie com as vitórias em campo.

Brigada Marighella
Julho de 2020

Um comentário:

  1. Aproveita e fala um pouco da gestão das duas últimas gestões tbm ! Aiai

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