Atuando na contramão do cenário nacional e mundial de
fortalecimento e valorização do futebol feminino, o Esporte Clube Vitória
anunciou que o nosso time da categoria não disputará o próximo campeonato
baiano, desistindo assim de buscar o bicampeonato.
Não é surpresa nem novidade que a atual gestão do Vitória é
machista, não tem priorizado o futebol feminino e desde o início tem atacado o
nosso time com declarações e políticas de desvalorização. Em uma das suas
falas, o atual presidente chegou a dizer que vai “encontrar uma solução para o
futebol feminino porque é obrigado por lei”, deixando claro que não existe
projeto para a categoria.
Apesar disso, o time feminino do Vitória teve o melhor
desempenho de um clube nordestino no Campeonato Brasileiro A1 (a elite da
categoria), conseguindo a nona colocação e garantindo assim a sua manutenção na
primeira divisão do futebol brasileiro em 2020. O sub-18, apesar de ter saído
na segunda fase, conseguiu se manter na série A2.
A postura da direção do Vitória reflete mais uma vez o
descaso com o futebol feminino. Além de não participar do campeonato do baiano,
dispensou e desprofissionalizou as atletas. Com o discurso de falta de recurso,
desmonta um cenário promissor do clube, além de relegar às mulheres um espaço que
não nos cabe. Vale lembrar que manter o time feminino inteiro é mais barato que
alguns dos salários do time masculino.
O que a diretoria e a torcida do Vitória precisam entender: o
futebol feminino tem crescido no país e no mundo e gerado uma receita positiva
para os clubes, tanto financeiramente quanto de crescimento e empolgação da
torcida e valorização das mulheres no esporte.
Faz 40 anos que o futebol feminino deixou de ser proibido
por lei e clubes brasileiros de grande expressão (a exemplo do Internacional,
Ceará, Grêmio, Santos etc.) têm investido cada vez mais na modalidade. O artigo
23 do estatuto da CBF determina que clubes e federações tomem medidas contra a
discriminação e a desigualdade de gênero, sendo obrigados a manter times de
futebol feminino. Sete clubes da Série A do Brasileirão masculino já possuem
departamentos de futebol feminino, seis clubes têm projetos em estruturação e
dois iniciaram o planejamento.
Houve a ampliação do Brasileirão feminino por determinação
da FIFA, da CBF e das equipes com investimento na categoria nos campeonatos
nacionais, ampliando o alcance e visibilidade dos clubes que disputaram a Série
A1. Outro avanço importante do futebol feminino é a garantia de transmissão ao
vivo na TV aberta de todos os jogos da seleção nacional da categoria.
A presença da modalidade em clubes de expressão no país é um
marco para o desenvolvimento do futebol feminino. Por isso repudiamos
veementemente a postura da atual diretoria, que de maneira machista tenta
desmontar todo o trabalho histórico dedicado ao fortalecimento do futebol
feminino e da profissionalização dessas atletas.
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